top of page
Buscar

IA na Música: Como Usar a Tecnologia para Criar e Se Conectar

  • Foto do escritor: 39dstudios
    39dstudios
  • 22 de set.
  • 3 min de leitura

A Inteligência Artificial (IA) na música está transformando completamente o cenário musical. Mas será que ela é uma ferramenta para ajudar os artistas ou uma ameaça que pode mudar a forma como criamos, produzimos e consumimos música?

Eu sou Juan “O Mago” Viana, produtor musical há 20 anos, e neste artigo vou explicar como a IA impacta a produção musical, os direitos autorais, a criação artística e a conexão com o público.


O que é a IA na música


A Inteligência Artificial na música funciona como um “cérebro artificial”: aprende, se adapta e cria. Podemos comparar a IA a uma inteligência coletiva, capaz de processar informações de forma muito mais ampla que o cérebro humano.

Porém, é importante entender que a IA não pensa nem sente. Ela simula processos criativos, mas não possui cognição própria.


Diferenças entre o cérebro humano e a IA


O cérebro humano entende música a partir de emoções, experiências e contexto cultural. Ele consegue associar acordes a sentimentos e ritmos a memórias.

A IA, por outro lado, funciona de forma estatística e probabilística. Ela não sente nem compreende a música; apenas processa dados, reconhece padrões e gera resultados com base em cálculos matemáticos.


Como a IA cria música


O processo da IA na música é fascinante:

  1. Transformação do áudio em espectrograma: uma representação visual do som, como um raio-x da música.

  2. Divisão em tokens: blocos de informação que funcionam como um alfabeto sonoro.

  3. Processamento por transformers: análise de padrões de batida, harmonia, melodia e voz.

  4. Reconstrução do espectrograma e conversão em áudio: usando vocoders para gerar a faixa final.

Alguns modelos mais recentes utilizam um espaço latente para processar o espectrograma, mas o objetivo é sempre o mesmo: identificar padrões e transformá-los em música.

É importante ressaltar que a IA não copia samples prontos; ela cria algo novo a partir do que aprendeu. Além disso, pode gerar ideias para melodias, harmonias, letras e sonoridades, servindo como ferramenta de inspiração para artistas.


Por que a IA na música é importante para artistas e estúdios


A IA já está impactando diretamente o trabalho em estúdios de música e na produção musical:

  • Criação: composição de arranjos e vozes sintéticas.

  • Produção: mixagem, masterização, automações e separação de áudio.

  • Distribuição: recomendações em plataformas de streaming e análise de tendências.

Ela torna o processo mais rápido e competitivo, mas também exige atenção às questões éticas, econômicas e legais.


As problemáticas da IA na música


1. Explosão da produção musical com IA


Hoje, qualquer pessoa pode gerar uma faixa em segundos, sem conhecimento técnico em instrumentos ou produção. Segundo a Deezer (2025), 18% das músicas publicadas diariamente já são 100% geradas por IA.

Isso levanta um desafio: pessoas que não são artistas podem ocupar espaço e renda de quem vive de música, criando um cenário inédito na indústria.


2. Saturação do mercado musical


O catálogo de streaming já ultrapassa 100 milhões de faixas, e a IA acelera ainda mais esse crescimento. Para artistas humanos, o destaque não depende apenas da música, mas também da identidade artística, narrativa e conexão com o público.


3. Impacto econômico: quem perde e quem ganha?


A CISAC projeta que a indústria musical pode perder até €10 bilhões até 2028, com uma queda de 24% na renda dos criadores humanos. Por outro lado, o mercado de IA musical deve crescer de £3 bilhões para £64 bilhões no mesmo período, concentrando riqueza nas mãos das big techs que controlam os modelos de IA.


4. Direitos autorais e legalidade


Grandes gravadoras estão processando empresas de IA por treinarem modelos com catálogos protegidos sem autorização. Hoje, uma música gerada por IA não possui autoria legal, mas isso abre debate sobre quem deve receber royalties: usuário, plataforma ou autores originais.


5. Voz, identidade e integridade artística


A clonagem de voz com IA permite recriar a voz de qualquer artista, criando desafios éticos e legais. Faixas virais com vozes não autorizadas ferem direitos de imagem e podem prejudicar a identidade do artista. É fundamental que a indústria negocie licenciamento de catálogos e garanta compensação justa aos criadores.


Meu ponto de vista: regulamentação da IA na música


A IA é uma ferramenta poderosa, mas não pode operar sem regras. Big Techs não podem atuar acima da lei, e o Estado precisa regulamentar o uso da tecnologia na música para proteger artistas e a cultura.

Os direitos autorais já existem; precisamos apenas adaptá-los para este novo cenário. A autenticidade, emoção e narrativa humana ainda são insubstituíveis, e a IA deve ser vista como uma ferramenta que complementa a criatividade, não a substitui.

O futuro da música não é escolher entre humanos ou IA, mas integrar ambas. Artistas, estúdios e profissionais da música precisam estar atentos, participar das discussões e exigir responsabilidade, ética e justiça na implementação dessas tecnologias.

O valor da música reside na arte humana. A IA é um aliado, não um substituto.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page